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Comissão da Verdade da Escravidão Negra inicia trabalhos em Brasília

 A Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra foi empossada, na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. O grupo de trabalho tem o objetivo de fazer o resgate histórico do período e a aferição de responsabilidades, além de demonstrar a importância das ações afirmativas como método de reparação ao povo negro.

Durante o evento, o presidente nacional da OAB, Marcus Vinícius Coelho, falou sobre o mito da democracia racial, que encobre a violência vivida pela população negra, principalmente os jovens. Segundo ele, devido ao passado escravista, “ser negro no Brasil infelizmente significa acessar menos direitos e sofrer mais violência”.

Na ocasião, o jurista utilizou números divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) nos últimos anos, que mostram indicadores socioeconômicos bem menores para a população afro-brasileira.

De acordo com os índices, crianças brancas são as que têm mais acesso a creches; 60% dos presidiários são negros; a média de estudos da população afrodescendente é de quase dois anos menor quando comparada à branca, entre outros exemplos.

“Trago esses dados não para reforçar o sentimento de cisão ou separação entre brancos e negros, mas para demonstrar que o recorte de raça é decisivo para o futuro de grande parte da população brasileira. Tanto no quesito segurança pública de encarceramento, quanto no acesso a direitos sociais, como saúde, educação e moradia”, declarou.

Coelho chamou a atenção, ainda, para a importância das cotas. “Considerarmos que as ações afirmativas são fundamentais. É preciso tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida em que se desigualam”, concluiu.

Instituições parceiras

A data foi propícia para a assinatura do termo de cooperação entre a OAB e o Instituto Afrobrasileiro de Ensino Superior da Faculdade Zumbi dos Palmares, no âmbito da Comissão.  O grupo recebe ainda o apoio de entidades como o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO); e o Instituto Nzinga Mulher Negra.

Cultura negra

Aberto ao público, o evento teve a presença de integrantes da sociedade civil de todo o País. Entre eles, a banda mirim do Olodum, de Salvador (BA), que entoou o Hino Nacional Brasileiro ao som dos tambores.

As apresentações foram complementadas com o Congado de quilombolas de Patos e Paracatu (MG); letras de Coco – ritmo nordestino influenciado pelas culturas africana e indígena – na voz de Martinha do Coco; e o grupo TAMNOÁ (Tambores do Paranoá), do DF.

Fonte:

Seppir