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REFLEXÃO SOBRE CONCENTRAÇÃO DE RENDA

            A concentração de renda patrocinada por alguns grupos políticos e empresariais no Piauí enoja e empobrece mais ainda as relações do Estado com a sociedade. Esses grupos exercem um patrimonialismo histórico e sem limite sobre as funções essenciais do Estado. Não permitindo os avanços sociais, com melhoria na condição de vida da maioria dos piauienses. Propiciam e acumulam um grau elevado de intensa miséria e pobreza. Esse ajuntamento social é o que mais critica as redes de proteção social, como o Bolsa Família e outros programas.

            Esses grupos não aceitam (ou nem sequer toleram) a remoção dos vícios tradicionais escravocratas ainda existentes na sociedade. E fincam o pé para que não sejam eliminados. Gostam e defendem os regimes excepcionais. Conseqüentemente não aceitam a democracia porque preferem uma ditadura. E tanto faz ser patrocinada por civis ou militares. Pois, o que interessa é a manutenção e preservação do seu patrimônio, não importando a forma de aquisição e o meio e/ou cenário em que podem aumentá-lo desmesuradamente. Querem uma imprensa amordaçada e sem liberdade. A justiça sob o seu controle político e econômico. A constituição elaborada conforme os seus caprichos políticos e seus interesses patrimonialistas. Se pudesse, só existiria o sindicato patronal. E quanto mais baixo os índices educacionais tanto melhor. E o povo esclarecido, sabendo raciocinar, sabendo ler e escrever dificulta a ação predatória desse ajuntamento social identificado como de direita, nazista, e fascista/neofacista. Quanto mais pobre e miserável a maioria da população brasileira melhor para assegurar os direitos desses cidadãos contrários ao desenvolvimento sócio-politico-econômico e cultural da sociedade piauiense e brasileira. Porque permite maior concentração de renda, com desigualdade elevada e também assegurada.

            Reconheço que alguns que me dão prazer de ler esses nossos ensaios econômicos e políticos estão chateados e/ou aborrecidos porque insisto no tema: distribuição e concentração de renda. Exatamente porque entendo ser o mais grave problema da sociedade brasileira, sendo origem de todos os outros problemas que afligem a sociedade e tornam o estado incapaz de solucioná-los porque a elite piauiense e brasileira não aceita (repito – nem sequer tolera) abordar o assunto. E enquanto subsistir essa gravíssima situação nem os demais temas relevantes – educação, saúde, segurança, habitação, prostituição infantil, trafico de drogas, exploração sexual... -, serão resolvidos.  Justamente porque o Estado tornou-se refém da impunidade ou do crime organizado. Também sem distribuir a renda entre brasileiros jamais ter-se-á um estado confiável e minimamente organizado. Não adianta aumentar o efetivo de quantas polícias existem no Brasil. Todas as medidas tomadas pelo Estado, para combater o crime organizado, tornam-se sem efetividade, porque a raiz do problema é econômico. A origem é estritamente econômica com reflexos nos demais que requerem resolução do Estado e da sociedade.

Magno Pires é advogado e Membro da Academia Piauiense de Letras – APL.

E-mail: [email protected]

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