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ZÓZIMO: REMINISCÊNCIAS, AFETO, TERNURA E COMPREENSÃO

 

         “Pulando Nuvens” reflete, irrefutavelmente, sentimentos subjetivos de um pai afetuoso e terno, pela perca prematura do filho Daniel; mas também, uma suposta materialidade objetiva, substantiva e espiritual no plano existencial.

         É uma compreensão da dor e da ausência, que somente quem passa pode aquilatar o sofrimento infinitamente doloroso, onde a resignação e o desconforto permeiam juntos, ao mesmo tempo, um espaço furtivo e também repleto de ternura, porém, irresgatável pela falta de Daniel. Porque o desejo é de continuar tê-lo entre os demais da família.

         O compreensível na vida terrena é o filho despedir-se do pai. Levando-o ao último ato, enquanto matéria, ao repouso eterno construído pelas sociedades para reverenciarem os seus entes mortos queridos. Contudo, a vida e/ou a nossa sobrevida, têm esses “chamamentos” que, com muito sofrimento toleramos, compreendemos e, por fim, aceitamos.

Mas, com certeza, caro Zózimo, era mais razoável, ponderável e prudente que isso não acontecesse com um jovem e de futuro promissor. Todavia, os desígnios de Deus são infinitesimais, desaparecem no horizonte, aqui apelando para o cenário espiritual, da imortalidade, de caráter essencialmente religioso.

         Parece-me, posso estar errado, meu caro Zózimo, que para tentar entender essa situação (ir)reconciliável que se abateu sobre o querido filho Daniel, Você buscou os ensinamento religiosos do padre Tony Batista, do escritor José Maria Vasconcelos, o pensamento de Dom Avelar Brandão Vilela sobre a morte, a tragédia vivida por Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado federal Rubens Paiva, uma das vítimas da dita “revolução” de 1964.

         A morte aproxima e fortalece os sentimentos de maior benquerença; e estes, ao mesmo tempo, robustecem e tornam inquebráveis, inseparáveis, inesquecíveis o amor e o afeto pelo ente querido Daniel.

         O Daniel permanecerá vivo entre nós. Especialmente entre pai, mãe, irmãos... E na memória inesquecível dos colegas de faculdade da Urbanismo. Ninguém o esquecerá, o próprio livro, em sua homenagem, denuncia sua imortalidade, com sua bela trajetória, ainda que jovem.

         “Pulando Nuvens” foi escrito e emoldurado com muito afeto. Com a transcendentalidade amorosa, mais que real, factível, dos que creem no plano religioso espiritual do homem, para reencontrar-se com Deus, como Daniel; com o seu pulo mortal, mas inocente, de quem pretendia continuar desfrutando a vida.

Esse livro, também de reminiscências, de religião, de política, de histórias, de leitura agradável e recomendável, é prova inconstante e irrefutável da inteligência de Zózimo, de sua forte sensibilidade e de sua grande intimidade com o conhecimento.

Parabéns ao escritor, literato, ensaísta, historiador; e apaixonado pelas letras, jornalista Zózimo Tavares, ilustre piauiense de Água Branca.

 

Magno Pires é membro da Academia Piauiense de Letras, ex-Secretário da Administração do Piauí, ex-consultor jurídico da Companhia Antactica Paulista (Hoje AMBEV). Portal www.magnopires.com.br com 79.056.200 acessos em sete anos e dois meses, e-mail: [email protected].