Literatura

À SOMBRA DO SILÊNCIO

À SOMBRA DO SILÊNCIO

À SOMBRA DO SILÊNCIO

               

À sombra do silêncio eu me arrepio

à sombra do silêncio me produzo,

à sombra do silêncio não me abuso,

à sombra do silêncio é que me afio.

 

À sombra do silêncio, eu constituo

a mesmice que a vida me concede,

à sombra do silêncio tenho a rede

que não ringe, e meu sonho continuo.

 

À sombra do silêncio eu me desnudo

do que tenho de mau, ai, não me iludo!...

Desprendida de tudo, a alma se aquieta.

 

À sombra do silêncio, podem crer,

vivo em paz, crio em paz e vou morrer...

Que a sombra do silêncio me completa.

 

Poema de FRANCISCO MIGUEL DE MOURA (1933-), poeta brasileiro.