Blog

DISCURSO PROFERIDO NA CÂMARA MUNICIPAL DE TIMON AO RECEBER TÍTULO DE CIDADANIA

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Timon DD. Vereador Thales Waquim Martins   Senhores Vereadores:   Antonio Borges Pimentel Filho (Biú); Francisco de Morais Reis (Chagas Cigarreiro); Carlos Eduardo Viana de Oliveira (Eduardo Oliveira); Ivan Batista (Ivan do Saborear); Jeconias da Silva Moraes (Jaconias); José Carlos Fernandes de Assunção (José Carlos Assunção); Kennedy Robert Pedreira Gedeon (Kennedy Gedeon); Reginaldo Bom Clima; Luiz Firmino de Sousa Neto (Tuá); José Wilma da Silva Resende (Uilma Resende).     Vereador Francisco Marques Torres (Francisco Torres)   Excelentíssima Senhora Profª. Maria do Socorro Almeida Waquim DD. Prefeita de Timon   Este 28/setembro/2012 sempre fará uma grande diferença na minha vida. E em todos, como eu, que têm este mesmo sentimento. Essa concepção do titulo. É um dia impar para todos que recebem um titulo honorário de cidadania de um País, de um Estado-membro, e de um município. Uma honraria dessa, só soma. Só agrega. Só enriquece. Só dignifica. Só enaltece. Só enobrece... Especialmente àqueles seres humanos ou aqueles homens, que têm no SER o elemento fundamental de sua existência, de sua integração e convivência com a sociedade. Carlos Drummond de Andrade, o maior poeta do nosso tempo e do modernismo, na sua grandeza espiritual, no seu humanismo, assegurou: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo” E quem não tem essas grandezas? Nessa frase lapidar, aquele ilustrado poeta, sensibiliza todas as qualidades do homem. Foi profundo e efetivo, porque caracterizou com muita clareza a ordem espiritual, moral e intelectual, o afeto e a tristeza. Nessas palavras simples: ”apenas, mãos, sentimento e mundo” fez um diagnóstico, uma análise, uma exegese do homem em sociedade, dos seus movimentos, das suas realizações, das suas decepções, das suas tristezas. Contudo, a grandeza imaterial, subjetiva,    sobressaira-se declaradamente. Foi evidentemente mais poeta, mais filósofo, porque um profundo humanista que conseguira relacionar as emoções do homem com tanta simplicidade e inexcedível grandeza e intensidade. É assim que sou. E assim me sinto neste indelével momento de minha existência vereador Francisco Torres. Porém, Vossa Excelência, soube também captar o sentimento do povo timoneiro, aliado a sua vasta capacidade de interpretação dos fatos históricos recentes de Timon, observando os movimentos da sociedade, chegara à conclusão e/ou à decisão de que este piauiense, lá de suas bandas, que são as minhas, o norte do Estado, mereceria este título pelos relevantes serviços que prestou ao município. E, para fazê-lo, não o fez graciosamente. Fê-lo porque submetera ao crivo e à aprovação do povo timonense, com deliberação unânime desta ilustre casa legislativa. O povo de Timon, com sua iniciativa, sensível e honesta, legitimou o seu requerimento. Portanto, ilustre vereador, reafirmo, novamente, os meus sinceros e louvados agradecimentos a Vossa Excelência. Como chequei em Timon? Algo interessante! Inusitado mesmo. Às 23 horas do final de dezembro de 2004, o meu filho Henrique Pires, liga-me dizendo que a Profª. Socorro Waquim, prefeita eleita de Timon, gostaria de falar comigo, com urgência. Mas, Henrique são 23 horas – ponderei. Ainda assim, ligo para a Profª. Socorro Waquim, e ela confirma querer falar-me ainda naquele dia, embora o avançado horário. Dirigi-me, então, à residência dela. Eram 23h30min. Surpreendido e assustado, bati à sua porta. Entrei e começamos a dialogar. A conversa foi até às 3h30min do dia seguinte. No dia 1º, Socorro tomava posse como Prefeita eleita de Timon. Dialogamos muito, mas sai de lá como entrei, sem saber o que a professora desejava. Entretanto, adveio a palavra chave da prefeita, talvez do encontro, com a indagação: Você vai à minha posse amanhã? Vou, respondi levemente e creiam-me baratinado. Surpreso. Porém, no momento da posse, quando adentrei ao salão em que Socorro Waquim anunciava a sua equipe técnica e o secretariado, ela suspende tudo, declina o meu nome, e pergunta se eu aceitava trabalhar com ela em Timon. Eis, aí, o convite que deveria ter sido feito na madrugada do dia anterior. Possivelmente, Socorro Waquim imaginara que eu não aceitasse. E, com receio, preferiu anunciar no dia seguinte. Com centenas de testemunhas. Assim, com essa história, fui Assessor Especial do município; Presidente da Fundação João Emilio Falcão e Secretário Municipal de Administração e Recursos Humanos. Eu lhe agradeço penhoradamente todos esses momentos de consideração, afeto e apreço. São agradecimentos de um homem aposentado, mas resgatado para o trabalho por Vossa Excelência. Eis, aí, portanto, a diferença que poucos sabem fazer. Aqui aprendi muito. Trabalhei muito. Tenho muitas amizades. Consolidei outras. Timon é parte afetiva, espiritual e material do meu ser. Jamais esquecerei essas intensas manifestações de amor e profundo respeito. Deixarei esta cidade e meu retorno ao Piauí será pela ponte metálica do Rio Parnaíba.  Conclui meu trabalho com Socorro Waquim. Aqui deixo a reforma do município realizada e implantada; a criação e modernização do Arquivo Público, onde estão preservados 750 mil documentos; a implantação da internet em banda larga, através de um servidor de alta potência, integrando todos os entes públicos; a implantação de um novo sistema de folha de pagamento; e o mais importante, a certificação de 1150 alunos no curso de gestão pública, com oitenta horas-aulas e vinte e quatro disciplinas. Curso este, impar em Timon e nos 5.564 municípios brasileiros.  Nenhum outro município brasileiro tem um curso com tantas matérias, características e horas aulas. E, a mais dolorosa realização, contudo necessária, que foi o corte na folha de pagamento, por conta das constantes quedas do FPM, redução das receitas próprias, somando-se a isso, a crise econômica planetária, que teve origem nos Estados Unidos, ganhou a Europa, a Ásia, em suma, o planeta, e afetou fortemente a América Latina e o Caribe, para desaguar no Brasil. Entretanto, senhoras e senhores, é bom relembrar de que hoje, quando recebo essa honraria, completo 7 anos, 9 meses e alguns dias que cheguei a esta cidade, que me acolhera com uma afetividade nunca vista e jamais sentida por este homenageado. Agreguei muito conhecimento técnico e político nesses quase oito anos que trabalhei em Timon. A convivência com esse povo, com essa gente, adicionou em meu conhecimento mais compreensão. Aqui conheci a base da administração pública brasileira. É no município que nasce, floresce e matura o sentimento de civismo, de cidadania, de política na gestão pública. É do município que saem as propostas efetivas dos programas sociais do Governo Federal. É no município onde se materializam e se formatam os objetivos essenciais à constituição das necessidades do povo. Timon, portanto, é credor dos saberes que aqui adquiri, que aqui acumulei, nesses quase 8 anos de convivência. Débito, difícil de pagamento. Levo comigo o título, mas ficam fincados aqui os sentimentos do reconhecimento, da amizade, do apreço, da consideração, do amor, que une e congrega. Aos colegas secretários, o meu contributo da melhor consideração e do apreço. A todos os funcionários, que me conhecem, esclareço que gerir pessoas é a coisa mais difícil, especialmente quando uma crise econômica mundial, como a de 2008, se abate na maior economia do mundo – os Estados Unidos – com reflexos agudos e acentuados nas regiões mais vulneráveis e pobres economicamente. A crise de 2008 também se abateu em Timon e deixou seus traços extremamente perniciosos.   Senhores vereadores de Timon!   O espírito do contraditório é um princípio jurídico. É a ciência do Direito, aplicado a Justiça, mas muito usual no diálogo da gestão pública entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo. Esse princípio é também da essência da democracia. Portanto, senhores legisladores, esses constantes atritos entre esses poderes são naturais e devem ser levados à conta do enriquecimento e consolidação da gestão pública, do direito e da democracia. Os gestores públicos, diferentemente dos legisladores, aplicam o direito material, consolidado, sem conhecimento de análises subjetivas, nem apelos interpretativos porque a materialidade objetiva se impõe. Foi firmada, com a aprovação por esta casa e a sanção do Poder Executivo. Compete, pois, ao gestor aplicar a lei, independentemente de quaisquer análises. Porém, ainda assim, os gestores são moderados e procuram sensibilizar a gestão à política para aplicar e materializar o direito, para fazer Justiça. Eis o que penso sobre o relacionamento dos poderes. Chegamos ao fim! Agradeço a todos os timonenses este título. Especialmente ao vereador Francisco Torres. Jamais esquecerei essa sua iniciativa, amigo Torres. Eu e minha família. Também agradeço aos seus familiares. Levo para casa o melhor e mais profundo reconhecimento de gratidão de Timon. Não esquecerei esse momento. Esse é o primeiro título que recebo, mas a Câmara Municipal de Teresina e a de Antonio Almeida no Piauí aprovaram requerimentos idênticos. Sou um ser humano otimista, por isso mesmo, simples e feliz. Pois, entendo o mundo, os homens e a sociedade, bem como suas contradições e incertezas, ambições e ansiedades. A plenitude do bem e do mal. Não guardo rancores, nem ódios, assim desconheço a vingança. Também porque creio mais na bondade. Não tenho inimizades. Mas contemplo os meus momentos de profunda reflexão. Encerro este discurso de recebimento do título com as palavras poéticas de Carlos Drummond de Andrade: “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”. Nada mais. Compreendo os homens e a sociedade. Assim vivo minha vida de (in)compreensões e ansiedades.