Imortalidade e Responsabilidade: o saber que se partilha
Na continuidade da série “O que é ser imortal para mim”, o médico, escritor e acadêmico José Itamar Abreu Costa, titular da cadeira 18 da Academia Piauiense de Letras, traz uma reflexão profundamente ligada ao exercício da partilha do saber e à responsabilidade pública dos que integram uma academia.
Segundo ele, as academias de letras, longe de serem instituições alheias ao mundo, devem representar, à sua maneira, a diversidade e a complexidade do tecido social. É por isso que o autor inicia sua reflexão lembrando a simbólica presença do indígena Ailton Krenak na Academia Brasileira de Letras — uma demonstração de que a imortalidade institucional precisa estar sintonizada com a pluralidade do povo que representa.
Nesse contexto, ser imortal não é apenas portar um título honorífico, mas colocar o próprio conhecimento em movimento, em benefício da coletividade. José Itamar aponta que o acadêmico deve se comprometer com um esforço contínuo de produção intelectual que contribua não apenas com o Sodalício, mas com a sociedade.
Um exemplo eloquente desse compromisso são as sessões-oficinas da APL, promovidas pela atual gestão, sob a presidência de Fides Angélica Ommati. Nelas, os acadêmicos são convidados a atuar como oficineiros, compartilhando temas de domínio e saber especializado. Foi nesse espaço que o acadêmico José Itamar abordou o tema dos transplantes cardíacos, assunto ao qual se dedica desde 1978, como médico e discípulo do renomado professor Euclydes Zerbini.
“Esses encontros da APL, realizados aos sábados, se tornam espaços privilegiados de troca de conhecimentos e experiências entre confrades e confreiras. E todos temos aprendido mais.”
A experiência, segundo o autor, revela que a imortalidade acadêmica também se manifesta no convívio fraterno e no cultivo de vínculos intelectuais e humanos. Ao integrar uma instituição centenária como a APL, o acadêmico se torna parte de uma herança simbólica — e o faz com a consciência de que essa pertença é também uma missão:
“Integrar uma academia como a APL é um privilégio, mas também uma grande responsabilidade.”
Assim, entre saberes técnicos e humanismo compartilhado, Itamar Costa sugere que a verdadeira imortalidade talvez resida nessa combinação rara: conhecimento que não se encerra em si mesmo e convivência que transcende o tempo.
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